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Visões – “Relato e debate sobre o Fórum WISWOS – Educating gilrs in sound”, com Lílian Campesato (Divulgação)


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Sonora convida para mais uma edição da série Visões na próxima segunda-feira, 09/05, às 17h30, na Sala do Nusom. Nesse encontro teremos um relato seguido de debate sobre os temas tratados no FórumWISWOS (Women in sound Women on sound: Educating girls in sound) que aconteceu no dia 22 de abril na Universidade de Lancaster, Reino Unido.

O relato e o debate serão conduzidos pela artista e pesquisadora Lílian Campesato que participou do Fórum no ano de 2016. A ideia é recuperar as contribuições que toda a rede Sonora deu para a apresentação no Fórum frente ao que foi proposto e discutido no âmbito do WISWOS. Para isso, iremos aprofundar as reflexões e propostas referentes à educação das garotas, à promoção de visibilidade, à falta de modelos e a tantos outros temas discutidos. De uma maneira sintética os assuntos discutidos durante o WISWOS 2016 passaram pelas seguintes perguntas:

  1. Que impacto os sistemas educacionais têm nas jovens garotas que as impedem de se dirigir aos campos da ciência, tecnologia, artes e engenharias com som e composição? Como isso pode ser modificado / melhorado?
  2. O que acontece nas salas de aula de música (composição) / engenharia de áudio, música e tecnologia, etc?
  3. Em que ponto (quando) observamos uma mudança do mesmo nível de interesse (em relação aos meninos) para pouco interesse (nessas áreas e aulas)?
  4. Que iniciativas já existem para encorajar as garotas a participar / se envolver?
  5. O que nós podemos e o que nós não devemos fazer a esse respeito?

Lílian Campesato é musicista e pesquisadora com ênfase na experimentação de meios híbridos e não usuais de criação sonora, especialmente performances. Seus trabalhos exploram o uso da voz e gesto combinados a recursos eletrônicos e audiovisuais interativos. Realizou doutorado na Universidade de São Paulo com a tese “Vidro e Martelo: contradições na estetização do ruído na música”, que trata de diferentes concepções sonoras na música e nas artes a partir das relações de incorporação e rejeição do ruído. Realizou pós-doutorado junto ao NuSom  (Núcleo de Pesquisas em Sonologia da Universidade de São Paulo) o com uma pesquisa que investiga os discursos acerca dos contornos e limites da música. Foi uma das criadoras do Sonora, um grupo dedicado à discussão da participação das mulheres na música.Website: http://liliancampesato.tumblr.com

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Visões – “Musicologia Feminista: Susan McClary e Suzanne Cusick”, com Tânia Neiva

Neste encontro eu fiz uma introdução à chamada musicologia feminista abordando o contexto acadêmico de surgimento da área, as principais visões e metodologias adotadas pela musicóloga feminista Susan McClary em seu livro Feminine Endings: music, gender and sexuality (lançado em 1991) e a crítica realizada à abordagem de McClary pela musicóloga feminista Suzanne Cusick. A fala foi baseada em uma comunicação realizada por mim, no mesmo ano (2015), na ANPPOM, intitulada: A musicologia feminista de Susan McClary e a crítica de Suzanne Cusick.

Eu comecei a me interessar pela questão da mulher na música durante minha segunda pesquisa de Iniciação Científica, realizada na Unicamp sob orientação da compositora Profa. Dra. Denise Garcia. Na época (2002-2003) analisei duas peças para piano solo da compositora Eunice Katunda. Durante a pesquisa percebi algumas lacunas na história da compositora e dificuldade em encontrar bibliografia – sobre Eunice Katunda, tinha pouca coisa escrita mas havia sido recém lançado o livro biográfico escrito pelo pesquisador Carlos Kater. Percebi também como a compositora era desconhecida mesmo do público de músicos e estudantes de música. Comecei a notar a quase inexistência de alunas de composição em cursos universitários de música no Brasil. Isso me levou a pesquisar, no mestrado (2004-2006), a inserção das mulheres no campo da composição musical erudita no país. Realizei cinco estudos de caso: Jocy de Oliveira, Maria Helena Rosas Fernandes, Vânia Dantas Leite, Marisa Resende e Denise Garcia, sob orientação da Profa. Dra. Lenita W. Nogueira. O que havia percebido intuitivamente, pela observação, pude confirmar através de estatísticas, relatos, trajetórias e, muitas vezes, pela ausência de dados e documentos.

Depois do mestrado fiquei um tempo afastada da academia me concentrando em tocar cello e dar aulas. Mudei de cidade com meu companheiro, Valério Fiel da Costa e tivemos um lindo filho, agora com três anos. Em 2014 fui chamada novamente para a academia. Vinha trabalhando desde 2013 com um grupo de performance e tenho me envolvido cada vez mais com a música experimental. Novamente as questões sobre as mulheres no campo da música voltaram! Dessa vez, no campo da música experimental: Quem são elas? Por quê é tão difícil, num primeiro momento, lembrar de nomes de mulheres fazendo música experimental? Atualmente estou realizando minha pesquisa de doutorado na UFPB sob orientação do Prof. Dr. Didier Guigue e co-orientação da Profa. Dra. Adriana Fernandes. E o tema da pesquisa surgiu como consequência da minha trajetória de pesquisadora e de artista, agora, com muito mais consciência das minhas escolhas ideológicas, políticas e acadêmicas, assumo com orgulho o termo feminista. Acredito que ele traz em si uma força para mudança e transformação para uma sociedade mais justa, representativa e igualitária!

Em 2014 iniciou-se uma discussão no facebook proposta por Lilian Campesato que deu origem ao nosso querido grupo Sonora! Aqui em João Pessoa iniciamos um grupo de estudos presencial sobre música e gênero! A Sonora e o nosso grupo de estudos daqui, têm se configurado como espaços de reflexão, discussão e ação de grande importância para mim!

Obrigada por toda a riqueza e variedade de pessoas e questões que aparecem na Sonora e pela oportunidade de compartilhar um pouco da minha pesquisa e da minha trajetória!

 

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