Sonora: músicas e feminismos convida todes para mais uma edição da série Visões, que ocorrerá na segunda-feira, dia 10/05/21, às 17h30. Nesse encontro teremos um relato seguido de debate sobre a importância de ampliar nossas narrativas em música como forma de inclusão de mulheres e dissidências de gênero, em toda a sua diversidade. O relato e o debate serão conduzidos pela artista, educadora e pesquisadora Amanda Jacometi, que pesquisa violências naturalizadas e seus processos de subjetivação, perpassando questões de raça-etnia, classe/ econômica, geração e os apagamentos que atravessam a história. Silêncios que estão longe de serem ausência.
Amanda Jacometi é artista, educadora e pesquisadora. Acredita em um diálogo multidisciplinar como forma de expressão e, portanto, utiliza de diversas linguagens para compor seus trabalhos: voz, corpo, som, pintura, tecnologia e movimento. Atualmente é professora substituta de música do Colégio de Aplicação da UFRJ, mestranda em Música, Cultura e Sociedade pela UNESPAR e em Sonologia (Processos de Criação e Produção Sonora) pela USP.
Para ter acesso ao link do evento, envie um email para sonora[at]usp.br até o dia 7 de maio de 2021.
Francisco Lauridsen Jalala conversa com Mariana Carvalho acerca do trabalho da artista sob escopo da arte sonora. O encontro entre estas duas pianistas de formação aborda a trajetória de Mariana e seus atuais interesses de pesquisa. Ela tem se debruçado na experiência de um corpo-relação, a partir de deslocamentos geográficos, bem como a partir da Sonora e os grupos e coletivos aos quais pertence(u), mulheres que atravessa(ra)m sua trajetória e proposições etnográficas múltiplas. Mariana se interessa pelos limites entre dentro e fora: eu e x outrx, o corpo como filtro, escuta, a promiscuidade do som, ser habitada por diversas vozes.
Uma das principais práticas da sociedade colonial que propiciou a subalternização de pessoas negras, foi o apadrinhamento dos senhores e das sinhás em relação a famílias, grupos e/ou indivíduos negras/os. Esse sistema de troca de favores, bens materiais e afetivos, ao mesmo tempo que permitiu a autonomia financeira de uma parcela dessa população, por outro lado, sustentou a exploração de mão de obra, as investidas de natureza sexual contra as mulheres, fomentou a miséria e demais mazelas da maioria da população negra brasileira.
Percebemos ao longo da história, que essa prática sempre se intensifica em contextos de crises nas quais a população negra fica ainda mais vulnerável diante da negligência e das políticas genocidas do Estado. Estamos há aproximadamente 8 anos em um contexto de crise econômica, porém, depois do Golpe de 2016 que resultou no Impeachment contra a Ex-presidente Dilma Rousseff, as áreas das Ciências Humanas e das Artes passaram a sofrer um tipo de criminalização e patrulha ideológica por mandatários que se beneficiaram com o Golpe. E nessa trincheira, as/os artistas que não estão inseridos na indústria cultural mainstream, beiram à falência financeira e à mendicância.
É de conhecimento público que as/os artistas negras/os, em sua maiorias, são aqueles que menos recebem incentivos e investimentos financeiro. Então, me pergunto: como e onde estão as/os artistas negras/os nesse mar de miséria? Destarte, é a partir dessa prática histórica: o apadrinhamento, que quero discutir sobre a situação de profissionais negras/os no campo da música clássica brasileira, neste momento de destruição das teias de produção e dos sistemas de fomento das atividades artísticas e culturais no Brasil.
Nessa live receberemos a Manon Ribat, integrante da rede Sonora desde 2019 e sound designer francesa residente em São Paulo há 5 anos. Falaremos sobre a sua trajetória em relação a arte sonora na França (sua experiência com rádio arte), sua chegada ao Brasil e seus trabalhos com som para cinema. A Manon contará o que é foley e como esse ramo da sonoplastia caracteriza o desenho de som dos filmes. Ao final, falaremos sobre a relação da técnica com a criação e seu espaço na pós-produção dos filmes. Manon nos contará como é ser estrangeira e mulher nesse meio de criação.
1. “ESCUTA:” – Um recital-conversa em torno da antologia de Pós-Doc “Compositoras Latino-americanas: vida – obra – análise de peças para piano”, de Eliana Monteiro da Silva. E-book lançado pela Ficções Editora em 2019. Disponível em: http://ficcoes.com.br/livros/compositoras_la.html.
2. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. Nicolau Sevcenko. Companhia das Letras, 2001.
3. PROGRAMA DO RECITAL:
Gabriela Ortiz (Mexico) Preludio 1, dos Estudios entre Preludios.
Eunice Katunda (Brasil) Sonatina (1º movimento).
Graciela Paraskevaídis (Argentina/Uruguai) …a hombros del ruiseñor.
Cacilda Borges Barbosa (Brasil) Estudo Brasileiro n 1.
Valeria Bonafe (Brasil) Do livro dos seres imaginários: Kami, Odradék, Shang Yang e Haokah.
2. Clara Schumann: compositora x mulher de compositor. Eliana Monteiro da Silva. São Paulo, Ficções Editora, 2011. Disponível em: http://www.ficcoes.com.br/livros/clara.html.
Qual é a relevância de falar sobre compositoras latino-americanas em meio à quarentena do corona vírus? Eliana e Valéria, da Sonora músicas e feminismos, conversam sobre as escolhas que nos trouxeram a 2020 e as mensagens presentes nas composições de mulheres por tanto tempo silenciadas. Para assistir a live entre em: https://www.facebook.com/sonoramusicasefeminismos/videos/519791095404101/
Assista ao vídeo Escuta: Eliana Monteiro da Silva, Compositoras Latino-americanas:
Filmes e séries para assistir com os ouvidos abertos:
Mon oncle (Jacques Tati); Bande de filles (Celine Sciamma); Blow out (Brian de Palma); Ex-Paje (Luiz Bolognesi); Chernobyl (Johan Renck); Blindness (Fernando Meirelles); The crown (Peter Morgan); The Handmaid’s Tale (Kari Skogland);Redemoinho (Jose Luis Villamarin); Va e veja (Elem Klimov); O menino e o mundo (Ale Abreu); Como nossos pais (Lais Bodanzky).
Filmes que eu participei (comentados na conversa):
Socrates , Alexandre Moratto Morto não fala, Dennison Ramalho Pitanga, Beto Brant O filme da minha vida, Selton Mello Elis, Hugo Prata Bingo o rei das manhãs, Daniel Rezende
O que é foley?
O pinewood studios é uma referência no meio de som para cinema. Achei esse vídeo bem explicativo sobre o assunto.
O que seria o desenho de som para cinema?
A Paula Fairfield é sound designer e trabalhou nos efeitos sonoros de Games of Thrones
Livros de referência:
A educaçao sonora, Murray Schafer The soundscape (A afinação do mundo), Murray Schafer The foley grail, Vanessa Ament
Mulheres-maravilhas do som para cinema (BR):
Para quem quiser saber mais sobre o trabalho delas, entrem no site IMDB (https://www.imdb.com/) e digitem o nome delas ! 🙂
Miriam Biderman (Supervisora de pós-produção de som, editora de diálogo) Tide Borges (Som direito para cinema) Andreia Freire (artista de foley) Guta Roim (Artista de foley) Rosana Stefanoni (Mixadora, editora) Raiza Rodrigues (Editora de diálogo e dublagem) Vanessa Gusmao (Editora de som para cinema, foley e ambientes) Marina Mapurunga (Sound designer) Bianca Martins (Editora de som para cinema)
A rede Sonora recebeu hoje o grupo Vozes Inaudiáveis.
Elas participaram da serie Visões, em que pessoas que estudam e trabalham com
obras de mulheres contam sobre seus trabalhos.
Elas contaram como surgiu o grupo, com três integrantes, a partir do PET
: Programa de Ensino Tutorial, coordenado pelo Prof. Maurício De Bonis, na
UNESP. Este programa é apoiado pelo MEC para desenvolver atividades de extensão,
com a finalidade de aproximar a universidade de outras comunidades não acadêmicas.
O grupo começou pesquisando compositoras na universidade, na biblioteca,
em sites, fazendo um levantamento de quantas partituras eram disponibilizadas e
outros aspectos ligados à temática. Foram entrevistar a compositora Denise Garcia,
que lhes deu algumas partituras e incentivou o grupo a apresentarem uma peça
vocal para quatro vozes. E assim a peça foi interpretada em recital por quatro
cantoras.
O nome veio da questão de as mulheres compositoras terem suas vozes
silenciadas, inaudíveis. Ao mesmo tempo, o grupo queria expressar a urgência de
divulgar o quanto antes, o que parecia uma empreitada inadiável. A fusão destas
ideias se configurou no título Vozes Inaudiáveis.
O grupo tem encontros semanais, em que organizam recitais com obras de
mulheres, e fazem também intervenções pontuais na UNESP. Uma delas foi colar
cartazes em locais visíveis do Campus, com dizeres como “Voce sabia que a irmã
do Mozart era compositora? Já ouviu alguma obra dela?”.
Começaram a organizar recitais com repertório voltado às mulheres. O
primeiro concerto, realizado na UNESP, se chamou “Concerto Delas”. Abriram uma
chamada para alunxs e professorxs e receberam oito propostas, sendo a metade de
autoria de membros do próprio grupo. Elxs acham que há bastante resistência por
parte dxs intérpretes, devido, tanto ao preconceito, quanto ao acúmulo de
atividades que elxs têm no currículo.
Outra atividade é a de colocar cartazes com fotos e biografias resumidas
em cavaletes pela universidade. Também nas redes sociais o grupo interage, como
a realização de “quizes” sobre compositoras e obras, semanalmente, no Instagram
(todo sábado).
As “Vozes” também fizeram uma intervenção chamada “Onde não estão as
mulheres na música”, em que colaram papéis coloridos com nomes de mulheres
tidas como referências musicais na vida dxs alunxs. Contaram que se inspiraram
na intervenção feita pela Sonora anteriormente. Foram preenchidos mais de cem
papeis, que ficaram expostos na parede. A recepção foi, em sua maioria,
positiva. Alguns alunos comentaram negativamente sobre a atividade, dizendo que
o grupo queria somente chamar atenção.
Foi perguntado ao grupo se as mulheres participantes compõem. A resposta
foi que poucas estudam composição, mas já houve peças delas executadas nestes
recitais. O grupo citou a inibição em mostrar composições próprias no contexto
das aulas e da universidade em geral. Foi consenso que alunas se sentem mais
cobradas a apresentar resultados de alto nível do que os alunos.
O grupo “Vozes Inaudiáveis” não pensa em convidar professorxs porque imagina
que estxs são muito ocupadxs para fazer parte. No início seus(suas) integrantes
pensaram em abarcar também as artes plásticas, o que depois se mostrou
excessivo. Uma professora das artes se interessou, mas depois o contato se
esvaiu.
Em relação à música eletroacústica, o grupo disse que tem dificuldade
para executar. Não há instrumentos e aparelhos disponíveis, e o laboratório é
restrito ao uso de compositorxs ligados ao professor responsável.
As “Vozes” conheceram a compositora Nilcéia Baroncelli por meio do
regente Lutero Rodrigues. Uma das integrantes pediu a ele referencias de
compositoras e partituras. Lutero mencionou a Nilcéia como uma especialista no
assunto, mas não passou seu contato. Coincidentemente, uma das meninas do “Vozes”
foi assistir à orquestra de cordas Laetere, da regente Muriel Waldman, e
encontrou a Nilcéia. Depois disso foi organizado um encontro com ela na UNESP,
do qual Eliana participou representando a Sonora.
Apesar de se interessarem pela pesquisa sobre mulheres na música, as meninas
do “Vozes” sentem que o mais importante é estar em grupo para atenuar as decepções
e angústias. Chamaram algumas vezes o Coletivo feminista da UNESP para fazer
grupos de estudo. Estas ocasiões não se repetiram muitas vezes. Foram lidos
textos da Ângela Davis, entre outros.
O grupo se mobilizou também para realizar ações ligadas a Direitos
Humanos. Porém, ao tentar discutir assuntos como assédio e violência na
instituição perceberam que é um terreno pantanoso, apesar de encontrarem
receptividade por parte da Comissão de Direitos Humanos do Instituto de Artes
(IA).
Foi comentado como é complicado lidar com denúncias no Departamento. As
pessoas que querem denunciar têm que assumir a autoria. Foram informadxs que a
universidade não conta com assistência emocional, física ou jurídica. Ainda que
a denúncia seja aceita, não há como impedir um professor ou colega de conviver
com a pessoa que se sente vulnerável.
As “Vozes” citaram um contato que tiveram com a compositora Vania Dantas Leite,
que faleceu antes que o grupo conseguisse organizar um concerto com suas obras.
A Sonora também compartilha este interesse, para o que sugeriu fazer uma
parceria entre os grupos. Lilian contou que travou contato com a família da
compositora no fim do ano passado, mas que neste ano a conversa não foi
retomada. Este é um desejo que pode ser realizado coletivamente.
Foi lembrado que, no ano passado, as “Vozes” vieram conhecer a Sonora. Perguntamos
em que este contato reverberou para suas atividades. Foi mencionado que a
Sonora tinha uma organização de atividades que inspirou o grupo a pensar suas
ações.
As Vozes Inaudiáveis deixaram claro que têm muita energia e potência, em relativamente pouco tempo de atuação já fizeram diversas atividades. Estão de parabéns, e a todxs do grupo desejamos muito sucesso!!
Este grupo foi criado em consequência de questionamentos que acompanham suas/seus integrantes em sua rotina como estudantes de música. Em 2018 iniciaram o grupo no PET-Música Unesp, com a intenção de sanar essa demanda. Ao iniciarem este projeto não possuíam referências, mas aos poucos, neste último ano e meio, o grupo tem encontrado o seu lugar nessa luta. Tanto pela curiosidade em saber onde estão as mulheres na história desta arte, quanto pela pouca aparição delas no conteúdo ministrado nas academias e no repertório das salas de concerto. O trabalho das Vozes Inaudiáveis se pauta, a partir de pesquisas e levantamento de repertório, em resgatar a vida e obra de compositoras históricas e atuais, estrangeiras e brasileiras, criando espaço para apresentação de quem está em atividade hoje. O intuito é trazer artistas e pesquisadorxs da área para realização de palestras, recitais (didáticos ou comentados) e mesas redondas, além de promover diversos atos de intervenção dentro do Instituto de Artes da Unesp e divulgação das suas pesquisas em plataformas digitais e físicas.