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Ata da reunião de 06/08/2018 – Operacional

A primeira reunião do semestre foi neste dia gelado, mas com muita energia! Iniciamos, como sempre, com os informes das semanas passadas e planos para as futuras.

Informes

  • Flora disse que o Coletivo Feminista da ECA tem participado de vários eventos fora da universidade às quintas-feiras, dia do encontro semanal delas, razão pela qual não tem tido muitos encontros presenciais na USP. No entanto, nesta semana o coletivo inicia as atividades presenciais com os eventos que se seguem:
  1. Oficina de panos verdes para a legalização do aborto, dia 7/8 às 15:30 na FFLCH.
  2. Dia 16/8 terá reunião na sede para a Legalização do aborto.

 

  • Houve mobilização sobre o caso do estupro na Faculdade de Medicina da USP. As movimentações continuam.
  • Sobre o corte de verbas da CAPES, nas bolsas para pesquisa, houve uma manifestação no MASP quinta-feira passada e terá outra na FFLCH na próxima quinta-feira dia 9/8.
  • Claudia Lago convidou um palestrante que falará sobre Teoria Queer no horário da aula dela, provavelmente quarta-feira 15, às 19:30 h no auditório. A confirmar.

 

Radio

  • Flora não conseguiu ouvir os áudios da conversa entre ela e a Mariana, que ficaram com a Valéria durante as férias de julho.
  • Carol ficou de coletar trechos de obras de outras compositoras relacionadas ao assunto da conversa entre Mariana e Flora. Porém, ela precisa ouvir a conversa das duas para ver quanto tempo pode ser destinado a este material.
  • O Desfazendo Gênero deste ano será na ECA entre 21 e 24/8 (terça a sexta).
  • Congresso ANPPOM – Marina vai apresentar trabalho. Valéria e Lilian também, no Simpósio de Sonologia. Eliana tem trabalho previsto para o Simpósio de Gênero, mas não sabe se poderá ir.

 

Linda O’Keefe (palestra-workshop)

  • O encontro será dia 17/8 em conjunto com o NuSom. Linda mandará uma bio e foto para divulgação.

 

Nomes no site

  • Foram inseridos os nomes da Fabiana Severo e da Tania Neiva na aba da equipe organizadora, com as datas fornecidas pelas mesmas. Até agora estas foram as únicas integrantes da rede que responderam ao email sobre créditos referentes a organização de eventos.

 

Sugestões para as séries Vozes e/ou Visões

  • Susana Igayara
  • Teca Alencar
  • Inaiê (tem projeto que envolve o lado dos rituais ligados ao feminino).
  • Marina gostaria de convidar 2 artistas que trabalham com “foley” (criam sons ambientes artificialmente, em estúdio). As 2 foram alunas da ECA, uma é a Rosana Stefanoni e a outra é Guta Roim.
  • Suzana Reck Miranda – pesquisadora, professora da UFSCar. Pesquisa sons do cinema brasileiro.
  • Antonilde Rosa (por hangout?) – pesquisadora da UFRJ, cantora e membra, além da Sonora, de vários coletivos ligados a mulheres negras. Ela qualifica em setembro para o Mestrado, e fica disponível depois.
  • Annita Costa Maluf (poeta) – trabalha, entre outros, com arte sonora.

 

Tarefas

  • Marina ficou de formatar o flyer de divulgação da Tide e mandar para Eliana.
  • Eliana ficou de colocar o flyer no site e no facebook.

 

Próximas reuniões:

13/8 – Vozes com Tide Borges

17/8 – Linda O’Keefe com NuSom (sexta a tarde)

20/8 – Operacional enfocando calendário (definir Vozes ou Visões do dia 10/9)

27/8 – Grupo de trabalho para programa de radio (Semana ANPPOM)

3/9 – Feriado

10/9 – Vozes ou Visões?

17/9 – Operacional

24/9 – Recital/palestra (ou conversa) com Eliana (16h no auditório do CMU)

01/10 – Operacional

8/10 – Vozes ou Visões (não pode ser Teca, é aniversário dela). Antonilde? Susana?

 

 

 

 

 

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Entrevista para o programa “Música Inclusiva”

O programa “Música Inclusiva”, da Rádio Diversa, foi realizado pelos alunos do curso de Jornalismo da ECA-USP Karina Merli, Pedro Ezequiel, Renan Sousa, Samantha Prado e Tainah Ramos. Tendo como tema a maneira como a mulher é retratada na música, entrevistou Eliana Monteiro da Silva, membra da rede Sonora – músicas e feminismos e Doutora em Música pela ECA.

O programa discute o olhar da sociedade para o papel da mulher no decorrer do século XX e como isso transparece em letras de músicas como “Dá Nela”, de Francisco Alves, entre outras. Graças às lutas empreendidas por mulheres e grupos feministas desde, principalmente, a década de 1960, esta realidade vem mudando e se reflete em músicas como “Laura”, de Marina Melo.

Confira!

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Vozes – Paola Picherzky (Divulgação)

 

 

Paola Picherzky é natural de Mendoza, Argentina, é mestre em música pela Universidade Estadual Paulista – UNESP com o trabalho “Armando Neves Choro no violão paulista”. Trabalho este que teve como fruto o resgate da biografia, a catalogação da obra completa do compositor e a gravação de um Cd com 18 choros resultando em seu primeiro Cd solo “18 Choros – Armando Neves” lançado em 2008.
Com o intuito de trazer ao público o material musical recolhido e não utilizado em seu mestrado, em 2015 lança o Cd “Armando Neves, outras composições” apresentando no repertório gêneros distintos ao choro como prelúdios, maxixes, valsas e gavotas, compostos pelo mesmo autor e violonista.
Sempre atuante na área pedagógica, é professora nas Faculdades Santa Marcelina, FMU/FIAM/FAAM e Fundação das artes de São Caetano do Sul.
Idealizou e implantou o projeto “Ensino coletivo de violão” o qual culminou na criação da primeira Orquestra de Violões da Fundação das Artes de São Caetano do Sul da qual é regente e diretora artística.
Entre 2007 e 2010 integrou o quarteto de violões QGQ com o qual gravou o Cd “Jequibau” e como convidada gravou, entre outros, o cd “Não tem choro” – com o flautista Ricardo Kanji.
Apresentou-se ao lado de artistas como Marco Pereira, Paulo Belinatti, Toninho Ferragutti, Roberto Sion,Swami Jr, Izaías e seus Chorões.
Integrante do grupo Choronas desde a sua criação em 1995, apresentou-se com o grupo em concertos na América Latina e Europa, desenvolveu projetos sociais como o show “Musica instrumental nas escolas publicas, uma historia da musica popular brasileira”, gravou quatro cds: Atrente (2000), Choronas ConVida (2004), O Brasil toca choro(2008), J.A Callado (2009) e apresentou-se frente a várias orquestras como a Orquestra Municipal de Santos, Santo André, Orquestra Filarmônica de São Caetano do Sul, Banda Sinfônica Jovem entre outras. Em Janeiro de 2018 o grupo lançou o quinto cd “Choronas Sampa”, uma homenagem a São Paulo e aos compositores paulistas.
É doutoranda no Programa de Pós Graduação em Música da USP.

11/06/2018, segunda-feira às 17h30
Haverá transmissão. Link será postado neste evento no dia.

CMU-ECA-USP – sala 12

Vozes é um espaço que recebe mulheres para apresentarem e falarem sobre seus trabalhos artísticos e criativos. Com uma dinâmica mais informal, é um espaço aberto para a conversa e para o compartilhamento de experiências.

Apoio:
NuSom

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Ata da “Conversa com Marilia Velardi” – evento Sonora/NuSom 09/04/2018

Marília Velardi, professora no curso de graduação em Educação Física e Saúde, atuando na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), iniciou este evento explicando sua linha de pesquisa: a investigação qualitativa. É uma linha de pesquisa que parte de um referencial epistemológico clássico e do conhecimento em métodos indutivos para atingir uma investigação autoral, rompendo com estruturas pré-estabelecidas para questionar as lógicas geralmente aceitas e romper com estruturas rígidas.

Marilia entende que muitas teorias têm a capacidade de ser aplicadas em contextos e tempos variados, mas, ainda assim, elas funcionarão melhor se associadas a conhecimentos específicos, principalmente em se tratando da pesquisa sobre assuntos não europeus ou do Hemisfério Norte. A bibliografia usada, por exemplo, na América Latina, é fundamentalmente europeia e, por esta razão, precisa ser associada a estudos realizados localmente para que a pesquisa seja mais legítima. Não se trata de negar a importância das pesquisas e teorias tradicionais, mas sim de amplia-las.

Como referências tradicionais ela aponta:

  • Escola de Chicago
  • Movimentos
  • 4ª geração

 

Em relação à Escola de Chicago, a pesquisadora diz que é quando surgem narrativas acadêmicas que se iniciam com a biografia do investigador, desde que esta tenha relação com o objeto pesquisado. O pesquisador (a) se relaciona diretamente com aquilo que esta pessoa procurará, dando uma força e uma credibilidade maior à sua pesquisa. Este conceito dá origem, em certa medida, ao chamado “lugar de fala”. A pessoa não precisa, obrigatoriamente, ser originária do campo pesquisado, mas deve no mínimo ser capaz de fazer a ponte entre a academia e o objeto investigado.

 

Validação e avaliação

Foi levantada a questão da validação e avaliação da pesquisa qualitativa. Marilia disse que este tipo de investigação requer a criação de grupos que fortaleçam este tipo de critério. As pessoas envolvidas precisam se apoiar umas às outras, criar espaços de discussão, encontros, bancas investigativas. Porque os parâmetros são mutáveis, embora isso não seja fácil. É preciso publicar, mas para isso pode ser preciso criar periódicos que aceitem este tipo de pesquisa. Ainda que estes sejam pior avaliados no início.

A pesquisa qualitativa se insere positivamente no campo interdisciplinar, o que favorece seu fortalecimento. Marilia cita as comunidades interpretativas. É como se a investigação fosse mais sobre o método do que sobre o assunto. Mas é preciso ser claro e explícito acerca do método escolhido, dizer porque se opta por métodos qualitativos.             Um texto que se baseia em métodos como materialismo histórico ou fenomenologia, mais cristalizados no âmbito da universidade, não precisa ser precedido de explicação. Entretanto, a escolha da pesquisa qualitativa necessita ser elucidada, defendida, legitimada, para que este caminho seja sedimentado e se torne tão natural quanto os demais. Marilia lembra um professor que dizia para a classe: “Inventem metodologias!”, “Criem epistemologias!”. Já há algum tempo é ela quem assume esta postura provocadora.

 

Singularidade e particularidade

O raciocínio binário nos toma de assalto, diz Marilia. É preciso pensar em outros glossários, não nomear com presteza, nem por oposição.

 

Auto etnografia

Quando se pesquisa a própria experiência encontra-se muita coisa interessante. Produzir material a partir da própria experiência. Isto está localizado nas propostas mais radicais da pesquisa qualitativa.

 

ECOAR – estudos em corpo e arte

O grupo ECOAR, de que Marilia faz parte, discute as possibilidades de diálogo entre o corpo e as artes, entre os movimentos sociais feministas, das artes junto aos movimentos sociais de periferias, entre outros. A pesquisa qualitativa se insere neste contexto perguntando o porquê de determinadas escolhas metodológicas em detrimento de outras.

 

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Conversa com Marilia Velardi – Pensando qualitativamente

 

O próximo evento da rede Sonora será em parceria com o NuSom, dia 9/4, as 14:00 h, na sala 12 do Depto de Música da ECA USP. A conversa com a professora e pesquisadora Marilia Velardi tratará da sua investigação sobre a relação entre métodos formulados por agentes alheios ao campo artístico e a possível interferência na forma de pensar e conduzir pesquisas em artes, procedimento que ela denomina “camisas de força epistemológicas”.

“Com esse encontro a minha ideia é propor um diálogo sobre o que significa ‘pensar qualitativamente’ no campo das pesquisas acadêmicas, partindo da premissa de que o método – concebido como forma de pensamento e ação – determina a nossa relação com os objetos, os campos, as experiências, os experimentos ou as coisas que investigamos. No campo das Artes, algumas vezes, o método subordina o pensamento e a ação das pessoas artistas à normas procedimentais alheias ao campo e ao modo original de pensar e conceber a investigação”.

Marilia é professora nos curso de graduação em Educação Física e Saúde, atuando na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP). É também docente e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política no Ciclo Básico, além de atuar como docente no curso de Bacharelado em Música e no programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA/USP.

No campo da saúde, sua pesquisa enfoca os programas e intervenção no serviço público de Saúde, na perspectiva do ideário da Promoção em Saúde e na Educação para a autonomia. No campo das Artes, propõe intervenções, performances, encenação e projetos de pesquisa e investigação na área artística junto a cantores líricos e instrumentistas, desenvolvendo práticas e estudos sobre preparação corporal para a encenação e criação em ópera. O lócus dessas investigações tem sido o NUO-Ópera Laboratório.

Realiza pesquisas colaborativas com grupos do campo da Saúde, da Educação, das Artes da Cena, da Musicologia e dos Estudos Sociais. Coordena o Grupo de Estudo e Pesquisa ECOAR – Estudos em Corpo e Arte, que atualmente tem como focos: (a) a construção de conhecimento com artistas sobre a Arte; (b) a busca por epistemologias artísticas como suporte para as investigações qualitativas e (c) a criação de estruturas de performances dos dados ou dos conhecimentos produzidos nas investigações. (Texto publicado pelo grupo NuSom, disponível em: http://www2.eca.usp.br/nusom/evento_mvelardi.

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Vozes – Laura Mello (Divulgação)

 

Laura Mello é compositora, artista do som e performer (piano, voz, movimento). Trabalha entre Berlim e Viena, em formações solo e em colaborações com outros artistas das áreas de Música Experimental, Arte Sonora e Performance. Formou-se em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) na UFPR, em Composição e Regência na EMBAP, com especialização em Estética da Música do Século XX na EMBAP e Composição Eletroacústica na Universidade de Música e Artes Dramáticas em Viena. Como doutoranda da Universidade Técnica (TU) de Berlim, frequentou cursos em áreas que vão da produção para rádio à teoria do Happening, passando por aulas de dança Contemporânea e participando dos concertos da classe de Composição Intermídia da Universidade das Artes (UdK). Sua obra engloba peças instrumentais, teatro musical, música eletroacústica, instalações sonoras e performances. Em sua atividade artística desafia as fronteiras convencionais entre formatos, mídias e linguagens. Desenvolveu ferramentas para auxiliar na composição de música experimental para meios visuais, em projetos didáticos abertos a alunos sem experiência musical. Há alguns anos vem se aprofundando na relação entre a música e a língua falada, explorando representações e possibilidades de releitura entre estas linguagens. Elabora desde 2008 um trabalho de Performance solo chamado “Composing for many media including me”.

 

Vozes é um espaço que recebe artistas mulheres para apresentarem e falarem sobre seus trabalhos. Com uma dinâmica mais informal, é um espaço aberto para a conversa e para o compartilhamento de experiências.

Haverá transmissão ao vivo através do nosso canal do Youtube. O link para a transmissão será postado em nossa página do FB alguns minutos antes do evento.

 

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Painel Sonora (CMU-ECA-USP, 2018)

A atividade da Semana des Bixes do CMU-ECA-USP teve, na tarde do dia 26/02/2018, o Painel Sonora. Estudantes ingressantes foram convidadxs a escrever 5 referencias em música e falar sobre alguma delas.

Num segundo momento as mesmas pessoas foram convidadas a escrever 5 nomes de mulheres na música e falar sobre alguma delas. Foi interessante ver como algumas tinham referências em seu instrumento/ área de atuação, enquanto outras conheciam mais nomes ligados à música popular, principalmente cantoras.

De posse destas listas, todxs receberam papeis coloridos para anotar os nomes de suas listas e apliar as mesmas. Membrxs da Sonora e estudantes ingressantes colaram os papeis nos vidros da fachada do CMU-ECA-USP.

Houve também uma pausa para lanche. As pessoas estavam bem envolvidas e animadas!

(INFORME: Ainda nesta semana de recepção, Eliana fará uma palestra sobre mulheres e latino-americanxs na música erudita. Será 5ª feira as 10:00 h no CMU. Para a semana que vem foi programada uma atividade surpresa no primeiro encontro aberto da rede). 

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“Onde (não) estão as mulheres na música?” Encontro de Abertura – 2018

A rede Sonora – Músicas e Feminismos convida todxs para seu primeiro encontro de 2018. Segunda-feira, 05/03, às 17h30, no CMU-ECA-USP, Sala 12.


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Manifesto em apoio à liberdade na pesquisa e nas artes – casos UFBA e Paraíba

A rede “Sonora – músicas e feminismos”, através de integrantes abaixo assinados, vêm manifestar preocupação e, mais do que isso, consternação, frente a alguns recentes ocorridos que revelam intolerância e arbitrariedade em relação a pesquisas, eventos e apresentações musicais positivas ligadas a questões de raça, gênero e classe no Brasil.

Sendo assim, declara apoio à moção redigida e apresentada pelo Conselho Universitário da UFBA e assinada pelo seu reitor, prof. João Carlos Salles Pires da SIlva, em defesa de pesquisadores e grupos de pesquisa ligados a investigação sobre gênero e sexualidade, como é o caso da Professora e Pesquisadora ligada ao NEIM (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher) que foi ameaçada de morte, e do aluno de mestrado do Professor Leandro Colling, do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS), também da UFBA, que teve que solicitar segurança para garantir a defesa de sua dissertação por conta das ameaças ou outras violências sofridas.

Outro caso que nos mobiliza são os ataques que podem ser qualificados como injúria e difamação sofridos pela maestrina Priscila Santana, a frente da orquestra sinfônica do Projeto Social PRIMA, na Paraíba. A maestrina, ciente do racismo sistêmico em nossa sociedade e à frente de um projeto social – portanto, comprometida com o desenvolvimento crítico e digno de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade -, propôs um repertório musical composto só por compositores negros, com o intuito de divulgar e dar visibilidade às lutas contra o racismo e produções culturais pouco difundidas no meio da música clássica orquestral. Infelizmente, ao escolher um repertório não consagrado, em lugar de perpetuar o mesmo repertório branco, europeu e de dois séculos atrás, a maestrina foi acusada de estar se aproveitando de sua posição de poder, enquanto regente, para se autopromover. O que poderia e deveria estimular o pensamento crítico acerca da construção de canons e repertórios, e de como esta construção passa por escolhas ideológicas, resultou em atos e discursos de ódio que só fazem aumentar a intolerância em nosso já sofrido cotidiano.

A rede Sonora reconhece os trabalhos da educadora e pesquisadora do NEIM, da maestrina Priscila Santana e de tantos intelectuais e artistas como, não só importantes, mas fundamentais para o combate ao racismo, machismo, a misoginia, legbtqifobias e tantas outras violências. São trabalhos que questionam padrões e normas cristalizados denunciando posições de poder e privilégio, e mostrando outras possibilidades mais igualitárias e representativas.

Declaramos nosso total apoio à professora e pesquisadora do NEIM e a maestrina Priscila Santana. A Sonora repudia perseguições e atos repressores de qualquer natureza, principalmente no ramo das artes e da pesquisa, que são campos necessários e urgentes de reflexão e discussão sobre saberes e poderes na nossa sociedade. Censuras que têm aumentado em nosso país e que colocam em xeque a democracia cada dia mais frágil e tão corajosamente conquistada. Sendo assim, a rede se coloca ao lado dxs profissionais que lutam dia a dia para construir um país e um mundo mais justo, onde a cultura possa ser respeitada em toda a sua diversidade e pluralidade.

Assinam
Eliana Monteiro da Silva
Tânia Mello Neiva – UFPB
Antonilde Rosa Pires – UFRJ
Ísis Biazioli de Oliveira
Tânia Maria Silva Rêgo – UNIRIO
Camila Durães Zerbinatti – UFSC
Valério Fiel da Costa – UFPB
Maria Clara Valle – Violoncelista/Arranjadora/Produtora Cultural
Marcela Velon – UNIRIO
Flávia Rios – UFF
Valéria Bonafé
Carolina Andrade Oliveira
Lilian Campesato
Ariane Stolfi
Isabel Nogueira
Fabiana Stringini Severo
Catarina Leite Domenici
Denise Espírito Santo – UERJ
Flora Camargo Gurfinkel
Luciano Cesar Morais e Silva
Fernanda Pinheiro da Silva
Mariana Carvalho

Mônica Ávila de Oliveira – Saxofonista/Flautista – UNIRIO
Karin Verthein – Violinista/Educadora musical – Colégio Pedro II
Davi Donato
Ale Fenerich
Leila Monsegur
Inti Queiroz (FFLCH – USP)
Marilia Velardi
Mirian Steinberg (IA / UNESP)

Tânia Ferreira Rezende UFG

Grupos de Pesquisa e Coletivos
Africanias – UFRJ
Obiah Estudos Interculturais da Linguagem – UFG
Núcleo de Estudos Guerreiro Ramos – UFF
Músicas – UFRJ/UNIRIO
Baque Mulher – João Pessoa
Laboratório de Ensino da Arte – Instituto de Artes – UERJ
Grupo de Pesquisa em Estudos de Gênero, Corpo e Música da UFRGS – Profª Isabel Nogueira

Grupo de estudo ECOAR – Estudos em Corpo e Arte da EACH-USP

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Quem é Mayara Amaral?

por Pauliane Amaral [1]

Minha irmã caçula, mulher, violonista com mestrado pela UFG e um dissertação incrível sobre mulheres compositoras para violão. Desde ontem Mayara Amaral também é vítima de um crime que parece cada vez mais banal na nossa sociedade: o FEMINICIDIO. Crime de ódio contra as mulheres, contra um gênero considerado frágil e, para alguns, inferior e digno de ter sua vida tirada apenas por ser jovem, talentosa, bonita… por ser mulher.

Em nenhuma matéria na imprensa vi essa palavra – feminicídio – talvez porque seja difícil para uma sociedade ter a consciência de que mais uma vez falhou e uma mulher, uma jovem professora de música de 27 anos, foi outra vítima da barbárie de homens que não podem nem serem considerados humanos. Foram três, três homens contra uma jovem mulher.

Um deles, Luis Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, por quem ela estava cegamente apaixonada, atraiu-a para um motel, levando consigo um martelo na mochila. Lá, ele encontrou um de seus comparsas.

Em uma das matérias que noticiaram, o crime os suspeitos dizem que mantiveram relações sexuais com minha irmã com o consentimento dela. Para que o martelo então, se era consentido?

Estranhamente, nenhuma das matérias aparece a palavra ESTUPRO, apesar de todas as evidências.

Às vezes tenho a sensação de que setores da imprensa estão tomando como verdade a palavra desses assassinos. O tratamento que dão ao caso me indigna profundamente.

Quando escrevem que Mayara era a “mulher achada carbonizada” que foi ensaiar com a banda, ela está em uma foto como uma menina. Quando a suspeita envolvia “namorado” hiper-sexualizam a imagem dela. Quando a notícia fala que a cena do crime é um motel, minha irmã aparece vulnerável, molhada na praia.

Quando falam da inspiração de Mayara, associam-na com a história do pai e avô e a foto muda: é ela com o violão, porém com sua face cortada. Esse tipo de tratamento não representa quem minha irmã foi. Isso é desumanização. Por favor, tenham cuidado, colegas jornalistas.

Para nossa tristeza, grande parte das notícias dão bastante voz aos assassinos e fazem coro à falsa ideia de que os acusados só queriam roubar um carro. Um carro que foi vendido por mil reais. Mil reais. Um Gol quadrado, ano 1992. Se eles quisessem só roubá-la, não precisariam atraí-la para um motel.

Um dos assassinos, Luís, de família rica, vai tentar se livrar de uma condenação alegando privação momentânea dos sentidos por conta de uso de drogas. Não bastando matar a minha irmã, da forma que fizeram, agora querem destruir sua reputação. Eis a versão do monstro: minha irmã consentiu em ser violada por eles, elas decidiram roubá-la, ela reagiu fisicamente e eles, sob o efeito de drogas, golpearam-na com o martelo – e ela morreu por acidente. Pela memória da minha irmã, e pela de outras mulheres que passaram por esta mesma violência, não propaguem essa mentira! Confio que o Ministério Público não aceitará esta narrativa covarde, e peço a solidariedade e vigilância de todos para que a justiça seja feita.

Na delegacia disseram à minha mãe que uma outra jovem já havia registrado uma denúncia contra Luís por tentativa de abuso sexual… Investiguem! Se essa informação proceder, este é mais um crime pelo qual ele deve responder. E uma prova de como a justiça tem tratado as queixas feitas por nós, mulheres. Se naquela ocasião ele tivesse sido punido exemplarmente, talvez minha irmã não tivesse sofrido este destino.

Foi tudo premeditado: ela foi estuprada por dois desumanos. E em seguida, ela sofreu um homicídio qualificado: por motivos torpes, sem chance de defesa, por meio cruel, em emboscada, contra uma mulher que tinha uma relação afetiva com um dos assassinos. E só então levaram seus poucos pertences. Parem de tentar qualificar o caso como um roubo seguido de morte (latrocínio), como se fosse o roubo a motivação maior dessa barbárie!

O terceiro comparsa – não menos monstruoso – ajudou a levar o corpo da minha irmã para um lugar ermo, e lá atearam fogo nela, como se a brutalidade das marteladas no crânio já não fosse crueldade demais. Minha irmã foi encontrada com o corpo ainda em chamas, apenas de calcinha e uma de suas mãos foi a única parte de seu corpo que sobrou para que meu pai fizesse o reconhecimento no IML. “Parece que ela fazia uma nota com os dedos”, disse meu pai pelo telefone.

A confirmação veio logo depois, com o resultado do exame de DNA. Era ela mesmo e eu gritei um choro sufocado.

Eu vou dedicar o meu luto à memória da minha irmã, e a não permitir que ela seja vilipendiada pela versão imunda de seus algozes. Como tantas outras vítimas de violência, a Mayara merece JUSTIÇA – não que isso vá diminuir nossa dor, mas porque só isso pode ajudar a curar uma sociedade doente, e a proteger outras mulheres do mesmo destino.

#niunamenos #nenhumaamenos

 

[1] Texto publicado por Pauliane Amaral em seu perfil no FB.