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Ata da reunião de 09/04/2018 – Operacional

A reunião de hoje teve como pauta:

  • Painel Sonora – discutir. A rede soube que o painel Sonora tem sido depredado pela retirada subjetiva de papeis com nomes de mulheres atuantes na música. Houve uma discussão sobre este processo, sobre a repercussão da intervenção em outros departamentos da ECA e sobre qual o futuro desta ação. O assunto não foi esgotado e deve ser retomado em reuniões futuras. Uma ideia é expandir o painel em conjunto com outros coletivos, como o Coletivo Feminista, que já demonstrou interesse.
  • Projeto Radio – Foi selecionado o mês de maio para montar o projeto. As reuniões de 7, 14, 21 e 28/5 serão dedicadas a uma imersão no assunto e na prática. Antes disso, usaremos a reunião do dia 16/4 para falar com a Amanda, da Radio USP. Para este encontro a tarefa será pesquisar modelos de programas que já existem.
  • Propostas de Vozes – o próximo evento da série seria mais uma parceria com o NuSom, dia 23/4, no horário das 14:00 h, com a Paula Garcia. Por vários motivos foi decidido que a Sonora divulgará e apoiará o evento sem ser exatamente parceira e sem intitular o evento Vozes. Até porque o enfoque do encontro não envolve questões de gênero.
  • Outras possibilidades são Vozes com Paola da Choronas, a principio dia 11/6, e com Tidi Borges, a princípio dia 25/6.
  • Conversa sobre atividade da Kelly – foi colocado que a oficina realizada com ela ficou concentrada na confecção do drumsynth, não sobrando tempo para conhecer melhor sua trajetória artística, suas atividades e seu posicionamento relacionado a questões de gênero, em que milita.
  • Nomeação de membras (os) para uma equipe organizadora dos eventos da rede – foi colocado que a Sonora completa 3 anos em abril e que, frente a isso, suas membras e membros gostariam de computar as muitas atividades e trabalho realizado semanalmente em alguma plataforma que possa ser usada profissional e academicamente. Esta discussão já foi pautada e abandonada algumas vezes. Foi sugerido retomar a conversa em reunião futura, num email convidando membras e membros da rede para tal. Este email será elaborado na reunião do dia 23/4.
  • Organização dos materiais / site / tarefas – após a reunião para nomeação de membras (os) da equipe organizadora dos eventos da rede, deve ser pensada uma divisão de tarefas para a realização destas atividades.

Próxima reunião:

16/4 – Amanda e proposta de rádio. Tarefa: trazer modelos de programas para discussão.

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Ata da “Conversa com Marilia Velardi” – evento Sonora/NuSom 09/04/2018

Marília Velardi, professora no curso de graduação em Educação Física e Saúde, atuando na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), iniciou este evento explicando sua linha de pesquisa: a investigação qualitativa. É uma linha de pesquisa que parte de um referencial epistemológico clássico e do conhecimento em métodos indutivos para atingir uma investigação autoral, rompendo com estruturas pré-estabelecidas para questionar as lógicas geralmente aceitas e romper com estruturas rígidas.

Marilia entende que muitas teorias têm a capacidade de ser aplicadas em contextos e tempos variados, mas, ainda assim, elas funcionarão melhor se associadas a conhecimentos específicos, principalmente em se tratando da pesquisa sobre assuntos não europeus ou do Hemisfério Norte. A bibliografia usada, por exemplo, na América Latina, é fundamentalmente europeia e, por esta razão, precisa ser associada a estudos realizados localmente para que a pesquisa seja mais legítima. Não se trata de negar a importância das pesquisas e teorias tradicionais, mas sim de amplia-las.

Como referências tradicionais ela aponta:

  • Escola de Chicago
  • Movimentos
  • 4ª geração

 

Em relação à Escola de Chicago, a pesquisadora diz que é quando surgem narrativas acadêmicas que se iniciam com a biografia do investigador, desde que esta tenha relação com o objeto pesquisado. O pesquisador (a) se relaciona diretamente com aquilo que esta pessoa procurará, dando uma força e uma credibilidade maior à sua pesquisa. Este conceito dá origem, em certa medida, ao chamado “lugar de fala”. A pessoa não precisa, obrigatoriamente, ser originária do campo pesquisado, mas deve no mínimo ser capaz de fazer a ponte entre a academia e o objeto investigado.

 

Validação e avaliação

Foi levantada a questão da validação e avaliação da pesquisa qualitativa. Marilia disse que este tipo de investigação requer a criação de grupos que fortaleçam este tipo de critério. As pessoas envolvidas precisam se apoiar umas às outras, criar espaços de discussão, encontros, bancas investigativas. Porque os parâmetros são mutáveis, embora isso não seja fácil. É preciso publicar, mas para isso pode ser preciso criar periódicos que aceitem este tipo de pesquisa. Ainda que estes sejam pior avaliados no início.

A pesquisa qualitativa se insere positivamente no campo interdisciplinar, o que favorece seu fortalecimento. Marilia cita as comunidades interpretativas. É como se a investigação fosse mais sobre o método do que sobre o assunto. Mas é preciso ser claro e explícito acerca do método escolhido, dizer porque se opta por métodos qualitativos.             Um texto que se baseia em métodos como materialismo histórico ou fenomenologia, mais cristalizados no âmbito da universidade, não precisa ser precedido de explicação. Entretanto, a escolha da pesquisa qualitativa necessita ser elucidada, defendida, legitimada, para que este caminho seja sedimentado e se torne tão natural quanto os demais. Marilia lembra um professor que dizia para a classe: “Inventem metodologias!”, “Criem epistemologias!”. Já há algum tempo é ela quem assume esta postura provocadora.

 

Singularidade e particularidade

O raciocínio binário nos toma de assalto, diz Marilia. É preciso pensar em outros glossários, não nomear com presteza, nem por oposição.

 

Auto etnografia

Quando se pesquisa a própria experiência encontra-se muita coisa interessante. Produzir material a partir da própria experiência. Isto está localizado nas propostas mais radicais da pesquisa qualitativa.

 

ECOAR – estudos em corpo e arte

O grupo ECOAR, de que Marilia faz parte, discute as possibilidades de diálogo entre o corpo e as artes, entre os movimentos sociais feministas, das artes junto aos movimentos sociais de periferias, entre outros. A pesquisa qualitativa se insere neste contexto perguntando o porquê de determinadas escolhas metodológicas em detrimento de outras.